Há anos médicos alertam que passar tempo demais sentado pode ter efeitos na nossa saúde física e mental. Agora, em uma medida inédita contra o sedentarismo, uma escola da Califórnia aboliu as mesas tradicionais e todos os alunos estudam de pé.
A iniciativa foi adotada pela Escola Elementar Vallecito, em San Rafael, e os professores garantem que desde a implantação deste método os alunos estão mais concentrados em suas tarefas e são mais produtivos.
As mesas elevadas têm apoiadores nos quais os estudantes descansam os pés, e não há problema se eles se cansarem: as salas têm bancos nos quais alunos podem se sentar. Mas os responsáveis pela escola dizem que eles raramente são usados.
"A ideia veio de alguns pais que estavam preocupados com os efeitos à saúde física dos alunos, que passam o dia todo sentados", disse a diretora da escola, Tracy Smith, à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
"As crianças hoje em dia passam muito tempo sentadas e não é só na escola. Ficam sentadas em casa, jogando videogame ou usando tablets, e não são tão ativas como gerações anteriores".
Essa é uma tendência já conhecida em empresas nos Estados Unidos, que têm substituído as mesas tradicionais por estações de trabalho mais elevadas, permitindo que funcionários trabalhem em pé.
Até mesmo a Casa Branca anunciou a compra de várias mesas elevadas, num negócio que chegará a US$ 700 mil (cerca de R$ 2,7 milhões).
Diversos estudos apontam que o sedentarismo anula os efeitos da prática regular de exercícios físicos e está associado a doenças como obesidade, diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares, depressão e até câncer.
Melhor rendimento?
Alguns estudos apontam que estes tipos de mesas fazem com que os estudantes tenham melhoria de 15% em suas notas e queimem cerca de 25% mais calorias.
Mas o custo da mudança pode inibir algumas escolas: cerca de US$ 6 mil (o equivalente a R$ 22 mil) por sala.
Em Vallecito, houve a colaboração da organização StandUpKids, que arrecada dinheiro para a adoção destas mesas para alunos. Segundo a diretora, as aulas ficaram mais dinâmicas, houve aumento da produtividade e menos problemas de comportamento.
"Estas mesas dão às crianças a oportunidade de que possam se movimentar sem interromper a aula. Além disso, são mais saudáveis para a postura e o sistema cardiovascular.
"Esta é uma iniciativa que funciona especialmente com os garotos, que tendem a ser mais ativos que as meninas. Estas mesas lhes dão mais liberdade de movimento e, assim, eles gastam essa energia extra".
'Ideia excelente'
Steven Mittelman, diretor do programa de diabetes e obesidade do Hospital Infantil de Los Angeles, acredita que o uso destas mesas é "uma ideia excelente" e que é um "passo para melhorar a saúde da população".
"Estudos que foram feitos a respeito disso tanto nos EUA como no exterior mostram que quando se permite que as crianças fiquem de pé, gastam mais calorias e, com o tempo, faz com que tenham menos problemas de sobrepeso", disse ele à BBC Mundo.
"Dados mostram que dois em cada três adultos ou um em cada quatro crianças nos EUA têm sobrepeso ou obesidade. Temos de fazer algo para criar nas escolas e nos locais de trabalho um ambiente que favoreça que a gente tenha um peso adequado e saudável".
Apesar disso, alguns especialistas afirmam que ainda é preciso avaliar os efeitos a longo prazo.
"É um fenômeno novo e ainda há poucos estudos sobre isso", disse Mona Patel, pediatra do Hospital Infantil de Los Angeles.
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